Variante Delta
“Com a confirmação de casos da variante Delta aumentando a cada semana no Brasil, onde só no Rio de Janeiro essa cepa viral já é preponderante em torno de 60% e, agora com a confirmação de casos próprios, ou seja, não importados, aqui em Santa Catarina e, analisando o que significou o espalhamento de casos dessa mesma cepa na Europa e Estados Unidos faz concluir com muita precisão que a pandemia ainda está longe de um controle que possa permitir uma liberação maior de circulação e relaxamento de cuidados”. As colocações são do médico infectologista do Hospital e Maternidade Oase, que atende em Timbó e municípios da região, doutor José Amaral Elias.
Em entrevista o profissional destaca que “claro que as vacinas têm mostrado sua eficiência naquilo a que elas estão propostas que é reduzir o número de casos graves. Isso felizmente tem acontecido, inclusive com essa variante Delta. Todas as vacinas em uso no Brasil têm mostrado essa resposta positiva, um pouco menos eficaz na redução e transmissão, é fato, de acordo com o que algumas pesquisas ainda preliminares têm mostrado”.
Elias relata que “Nos Estados Unidos o número de casos novos em julho aumentou muito com a introdução dessa cepa Delta, porém os casos de gravidade não acompanharam a mesma proporção da onda do ano passado quando ainda não havia vacinas disponíveis. E a maioria absoluta dos casos graves e até mortes atualmente estão diretamente relacionados a pessoas que não quiseram se vacinar. No Reino Unido episódio semelhante aconteceu, porém lá, felizmente, o número de casos graves em relação aos EUA até agora tem sido menor e isso com certeza devido à maior cobertura vacinal”.
No Brasil, observa o médico infectologista “há algumas diferenças importantes em relação aos dois exemplos citados. Primeiro que aqui, como o número de casos vem caindo mas não na mesma intensidade que caíram nos Estados Unidos e Reino Unido faz com que a variante Delta seja tão preponderante como lá, já que outras variantes, principalmente a Gama, continuam circulando. Isso provavelmente terá aqui um impacto diferente com consequências ainda não totalmente possíveis de calcular. Porém o fator mais preocupante por aqui é que a taxa de pessoas totalmente vacinas não passa de 25% até hoje deixando, assim, uma quantidade enorme de pessoas suscetíveis à infecção e com grande possibilidade de casos graves, já que a variante Delta tem um poder de replicação muito grande. Mas pode ficar até mais preocupante ainda, com muitas pessoas se infectando e a alta capacidade de mutação desse vírus, novas variantes poderão surgir e de forma incontrolável surgir cepa que até seja totalmente resistente às vacinas atuais”.
O profissional destaca que “sem querer deixar parecer que apenas estou querendo passar um panorama catastrófico, não acho que chegaremos a isso novamente. Porém é importantíssimo termos a consciência que não dá ainda para um relaxamento amplo de medidas de precaução, por mais cansados que todos estejamos de tudo isso, e se faz altamente necessário o país agilizar a velocidade de vacinação além, é claro, de ninguém deixar perder a oportunidade de ser completamente imunizado pois há grande índice de abstenção para realizar a segunda dose das vacinas com essa programação. A curva de aprendizado da humanidade nessa pandemia tem mostrado cada dia mais que o principal caminho para superar esse grande desafio serão as vacinas”.