Na manhã que despertava sob o manto suave de 13 de maio, a Capela do Hospital e Maternidade Oase se vestiu de silêncio e reverência. Ali, como um farol em meio à jornada, a pastora Paula Naegel, orientadora da OASET, conduziu um momento de Meditação que ecoou como uma canção de esperança nos corações presentes.

Naquele espaço sagrado, as palavras do Salmo 23, um poema ancestral tecido com fios de fé e consolo, ganharam nova vida. Versos tão conhecidos, sussurrados em despedidas dolorosas, celebrados em cultos de gratidão, invocados em momentos de medo e de fé, ressoaram com uma beleza renovada. O Salmo, um convite eterno à confiança, recordou a todos que, mesmo nos labirintos da vida, não estamos órfãos, pois somos amparados pelo cuidado divino.

A pastora, com a sabedoria que emana da alma, conduziu os presentes a uma contemplação profunda. Lembrou que a tradição cristã, e em especial a fé luterana, nos ensina que Cristo é a própria essência das Escrituras. Assim, ao pronunciarmos “O Senhor é o meu Pastor”, somos transportados para a imagem sublime de Jesus, que em João 10:11 declara: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas”.

A visão de Lutero, que enxergava no Antigo Testamento os prenúncios de Cristo, iluminou a compreensão do Salmo 23. Ele transcende a beleza poética e se revela como um testemunho do Evangelho: Jesus, o Pastor que nos guia com amor, que nos nutre com Sua graça, que nos protege com Sua força e que, em um ato de amor supremo, entrega Sua vida para que possamos florescer em plenitude.

E então, cada verso do Salmo foi desvelado, como pétalas de uma flor desabrochando:

“Ele me faz repousar em pastos verdejantes, guia-me a águas tranquilas, refrigera a minha alma, prepara para mim uma mesa…”

Em cada palavra, a certeza de que tudo é obra da mão de Deus. A mensagem central da Reforma, a “sola gratia” – somente a graça – ressoou com força. A salvação não é fruto do nosso esforço, mas um presente divino, um ato de amor incondicional. O salmista encontra repouso não em sua própria força, mas na providência de um Deus que cuida e ampara.

“Mesmo que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque Tu estás comigo.”

Este versículo, como um bálsamo suave, acalmou as almas presentes. Não é uma promessa de ausência de dor, mas sim a certeza da presença constante de Deus, mesmo quando a escuridão nos cerca. Lutero, em seus momentos de aflição, encontrou consolo nessa promessa: Deus está conosco, sempre.

A distinção entre a visão efêmera do mundo e a mensagem eterna do Evangelho se fez clara. O mundo sussurra “tudo vai dar certo”, enquanto o Evangelho proclama “Deus estará com você, mesmo quando nada parecer certo”.

O Salmo 23, um convite à fé singela e profunda, revelou que não estamos sozinhos. Cristo, o Pastor que entregou a vida por nós, caminha ao nosso lado, guiando-nos em meio à incerteza da vida moderna, preparando-nos um lugar seguro em Seu amor.

Que possamos viver com essa fé, que encontra repouso não em nossa capacidade limitada, mas na fidelidade eterna do nosso Pastor, que nos ama e nos conduz para a vida em abundância. Que a melodia do Salmo 23 continue a ecoar em nossos corações, como um oásis de esperança em meio à aridez do mundo.